quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Humildade

do pedaço de céu que se joga no mar
e deixa-se quebrar nas rochas....

Estrondoso o vento, seu Zumbido,
que desgarra apegos,
limbos escorregadios, envolventes, macios,
que ocultam a rigidez da soberba...

Paciente o tempo,
que aguarda a delicadeza
na fina areia da praia...

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

A-comod-ação



Da cômoda sai o punhal
afiado pros cortes
de luzes e sombras.

Em planos cartesianos,
ângulos retos,
labirintos secretos,
destaca-se o vão do cotidiano,
preenchido pela distorção.

O telejornal do dia
anuncia a desin-form-ação...

Sociedade desconexa, acéfala,
acomodada, assiste e se regala,
entorpecida pelo narcótico oficial.

Derepente, pressente apenas o reflexo,
no pânico da in-cômoda realidade:
um palco caótico, brutal e um
cenário do descaso cultural...






terça-feira, 13 de setembro de 2011

Re'verso' de um parto

Embrenhar-me na terra mãe,
penetrar em tuas entranhas.
Em íntimo contato,
sentir teus elementos,
teu sangue, tuas dores...


Purificar-me em ti,
purificar-te em mim....

Na expansão de um vir a ser,
embala-me numa sinfonia cósmica...
E assim cresço...

Em contrações,
através de tua garganta,
me lanças ao espaço...

No pulsar de uma vida consciente,
num grito de espanto, renasço!






sábado, 10 de setembro de 2011

A Bola de Fogo

Pulsa entre sístoles e diástoles,
afeta o espaço, cria mundos,
tece bordados,
uns em pontos de luz,
outros, ponto cruz.

Enredada pelo fio do tempo
é tecida a vida,
conectada em fina sintonia
com o espaço-momento.

A consciência da morte,
ilumina a finitude,
dá brilho à vida,
ao aqui-agora,
à percepção de si,
do outro,
da sombra...

Acompanhada da ilusão,
o medo, a desconexão...

Para sentirem-se religados,
na busca do eterno,
uns agarram-se à cruz.

Já o dançarino equilibrista,
corajoso,  lança-se à luz
do presente, como artista.

GUERNICA

 









Em cada olhar, dor.

Gotas expressivas,
mãos e bocas abertas,
gritos de horror!!!

u e r r ao poder 
da   d e s c o n e x ã o,
cabeças extraviadas,
mundo e-s-q-u-a-r-t-e-j-a-d-o!!!

Em cada olhar,  súplica.

O sobrevivente na captura 
remonta o quebra-cabeças,
torna-se deus, recria-se, 
ao recompor criaturas!!!





Pós moderno



Esta cidade de réplicas,
de horizontes insípidos,
cresce com as máquinas,
transforma seres em dígitos.

O sujeito implícito,
sem referência de espaço,
simula formas sem vínculos.

Telas instilam desejos,
para o corpo, consumo,
para a mente, o ínfimo.

Reproduções seriadas
em alienantes paixões.
Ponte de longa distância,
entre conceitos e ações.