domingo, 27 de novembro de 2011

Gratidão

O movimento do eu-espírito
que vibra  ao redor de mim,
faz sentir a energia do experimento
tangível ao corpo, imerso em Vida...

Lanço-me nesse fluxo na arte de ser e de amar,
mesmo que neste decurso, torne nuvem a se abismar.
Na plenitude do vazio, o expansivo acolhimento difunde-se,
mergulho nesta lacuna, em busca da pessoa una.

Num êxtase tântrico, infindável estado de sublimação.
Como tua vestal, entrego-me num estar-instantâneo.
Na dissipação da luz, elevo-me...
Transpasso a superfície de vidro do teu templo,
atingindo a transparência numa união quase divina...


Em meio a loucura, a queda... 
Caio contraída na rede simbólica dos afetos e desafetos.
Nela pousa este corpo ferido.
- Não finjas que não dói!
Deixou marca profunda no sonho de uma vida a dois,
onde até a solidão foi compartilhada.

No resgate de mim e de minha solidão,
recolho o que de mais precioso projetei em ti.
Me recomponho com maior intereza.
Quanta beleza havia que não sabia!

O mergulho foi profundo... 
Mas como conhecer a luz,
se nos conformarmos com a escuridão da inconsciência?

Serei eternamente grata pelo nosso encontro.                      

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sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Que sentimento é este?

Do nada surge, invade a gente,
toma conta do corpo e da mente.
No ato de servir a mesa,
o desejo de saciar toda fome, toda sede,
de possuir um colo imenso
capaz de alimentar não só os filhos,
mas todos os famintos....
Acalentar, aliviar suas dores,
afetar seus humores....

Que sentimento é este?
De tamanha grandeza, que invade a gente
e de repente nos transporta
de indivíduo à Mãe Natureza?

Que sentimento é este?
Que num instante de total integração,
nos remete às profundezas do Ser?!

domingo, 20 de novembro de 2011

Morte


O ponto
onde
espaço e tempo
se consomem.
A absoluta
conversão
à unidade,
o buraco negro....
Do lado de lá
o que haverá?
A anti-matéria?
O inverso
deste universo?
Ou o avesso
deste verso,
Vida?

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Momentos

Sentimentos apoderam-se de mim,
Ainda não consigo definir...
Fluem como a água de um rio,
sem rumo, nem destino...

Tem momentos repousantes,
como a vivência em um lago...
uma existência serena e concordante.

Tem momentos intensos, desapego vital.
Ao soltar-se em queda, rolar entre pedras ...
energisa-se num dinamismo natural.

Tem momentos sublimes,
que atinge o mais alto grau de pureza,
evapora-se, eleva-se em nuvens.

Tem momentos de vibração total.
Ao tom da agitação atmosférica,
deixa-se cair num estrondoso temporal.

Tem momentos de profundo mergulho,
em meio ao oceano, resgata-se monstros e os  transforma, o obscuro torna-se primoroso.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Viver

Na hélice infinda
das galáxias ao dna,
cósmica e orgânica
circula a vida.

Quão diverso cada momento!
Tudo se transforma,
diante da força estranha
do auto conhecimento.

Como sentir esta força
se já se perdeu a esperança?
E na pretensão de muito ter
só restou do ser a insegurança?

É preciso coragem,
diante de si e do outro,
ao desvelar a imagem.

Como num mágico ritual
onde o Amor atrai deuses
e o imaginário torna-se real.

sábado, 12 de novembro de 2011

Semente

Semente

Energias que se afinam,
conjunções de forças
que nos desprendem
da realidade visível
e nos faz submergir no inaparente,
Em meu coração, plantas-te uma semente...

Complexo movimento o nosso,
na interação com o mundo,
em meio a um turbilhão,
pontos se condensam, se intensificam.
O abstrato torna-se mais consistente,
Em meu coração, nutre-se a semente...

Sinto-me livre para dizer
que estou envolvida
na rede indefinível de afinidades.
Em meu coração, brota a semente...

Cada vez mais crescida,
já tem volume, ocupa espaço
na minha vida, na minha mente,
em meu coração, transforma-se a semente...

Pensei jamais sentir assim,
vê-la brotar, crescer, se transpor.
Hoje sinto teu perfume em mim
e mesmo distante, sinto-te presente,
pois da semente floresceu o Amor.


quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Raiva

O que fazer contigo
que afloras do nada
neste verde gosmento
de bílis arrebatada.

Digeres os amores,
as cores, os sabores...
O sentir fica paralisado
neste envolver desesperado.

Menina danada, vens com fúria
cutucar a ferida ardente, em sangue.
Ainda quer que se prolongue
este estado de penúria?

Um basta devia te dar,
mas me deixas temerosa,
pois sei que és perigosa,
não devo te sufocar.

No teu jogo, me aventurarei
e sem apegos a tua artilharia,
toda tua energia transmutarei
numa força aliada minha.